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14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência 

A 8ª edição do Raio-X do Investidor, realizado pela Anbima, revela que os brasileiros buscam investir principalmente por motivos de segurança financeira. No entanto, mesmo entre aqueles que diversificam suas aplicações, muitos consideram os retornos insatisfatórios.

Os brasileiros, tanto os que investem quanto os que não o fazem, percebem o retorno das aplicações financeiras como baixo, considerando isso uma desvantagem nos investimentos.

Essa é uma das conclusões da 8ª edição do Raio-X do Investidor, uma pesquisa realizada pela Anbima em colaboração com o Datafolha, divulgada nesta terça-feira (29). O estudo entrevistou 5.846 pessoas em novembro de 2024 para analisar como a população lida com suas finanças pessoais.

Para isso, a Anbima dividiu os brasileiros em quatro perfis: aqueles que não investem (sem reservas), os que economizam, mas não aplicam (poupadores sem investimentos), os que apenas investem na caderneta de poupança (caderneta) e os que diversificam suas aplicações (diversificadores).

No ano passado, ao menos 59 milhões de brasileiros possuíam algum tipo de investimento, o que representa 37% da população. Dentre esses, 32 milhões se limitavam a investir na caderneta de poupança, enquanto 27 milhões tinham aplicações diversificadas em mais de um produto financeiro.

Perfis da população brasileira: 

  • 52% é do perfil sem reserva; 
  • 12% economiza, mas não investe; 
  • 20% é só na caderneta; e 
  • 17% diversifica 

A pesquisa revela que os investidores que se restringem a aplicar na caderneta de poupança são os que mais consideram o retorno das aplicações insatisfatório, com 27% dessa opinião. Em seguida, estão os investidores que diversificam seus investimentos, com 24% avaliando os retornos como baixos.

Até mesmo aqueles que não investem compartilham essa percepção sobre os investimentos no Brasil: 16% dos que não possuem reservas e 12% dos que economizam, mas não aplicam, também consideram os retornos insatisfatórios.

O retorno insatisfatório é considerado a principal desvantagem de investir, seguido pelo risco de perda do capital e pela lentidão em alcançar resultados positivos. Essas preocupações foram mencionadas por menos de 10% dos entrevistados, independentemente do perfil.

Retorno insuficiente?

Marcelo Billi, superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, comentou em uma coletiva de imprensa que considera essa percepção contraditória, especialmente em relação ao Perfil Diversifica.

“Creio que os brasileiros veem retornos de um dígito como muito baixos e acreditam que retornos acima de dois dígitos são bons. Essa visão é influenciada por uma longa história de juros altos no país, já que períodos com juros baixos não duram muito”, afirmou Billi.

Para os investidores que se limitam à Poupança, que demonstraram maior insatisfação com os retornos, mesmo com a taxa Selic se mantendo acima dos dois dígitos ao longo de 2024, o rendimento dessa aplicação foi de apenas 7,09%. Em contraste, o CDI, que reflete a taxa básica e serve como referência para os retornos das demais aplicações de renda fixa, fechou em 10,88%.

Atualmente, a Selic está em 14,25%, o que poderia ser visto como uma estimativa de retorno para investimentos em renda fixa ao longo dos próximos 12 meses, caso essa taxa permaneça estável durante esse período.

As aplicações financeiras oferecem diversas modalidades de rentabilidade. Algumas apresentam variações diárias, outras realizam correções mensais, enquanto há aquelas que se concentram em retornos de longo prazo.

Atualmente, o retorno do CDI, ao analisarmos os últimos 12 meses, é de 11,28%. Se considerarmos apenas o desempenho em 2025, esse retorno é de 3,92%.

Billi também observa que a falta de informação ou a pouca familiaridade com os produtos financeiros pode causar uma desconexão entre as expectativas e os resultados dos investimentos.

Investimentos diversificados

A avaliação da insatisfação entre os investidores do perfil diversificado é mais complexa, pois não há uma segmentação clara que identifique quais são os principais investimentos desse grupo no Brasil.

Billi ressalta que este foi o primeiro ano em que a metodologia utilizando perfis foi aplicada e que haverá um aprofundamento nesse tema nas próximas edições.

Entre os 37% da população brasileira que investem, além da caderneta de poupança, os ativos mais comuns são: títulos privados (17%), fundos de investimento (15%), criptomoedas (11%) e ações (8%).

Não é viável avaliar o retorno dessas aplicações, uma vez que cada ativo pode apresentar um desempenho distinto. Por exemplo, em 2024, os fundos de crédito privado se destacaram positivamente, enquanto os fundos multimercados enfrentaram um ano desafiador.

O que o superintendente da Anbima ressalta é que o perfil diversificado é majoritariamente composto por um público mais jovem, incluindo Millennials e membros da Geração Z, que possuem uma maior disposição para assumir riscos.

Embora tenham apontado o baixo retorno como uma desvantagem ao investir, também reconheceram que o retorno financeiro representa uma vantagem significativa.


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