Pular para o conteúdo

Copom mantém aperto monetário, balança comercial aponta superávit robusto e produção industrial prevê primeira alta

Confira os principais indicadores econômicos que estarão em foco entre os dias 05 e 11 de maio, junto com suas projeções e comentários.

Apesar da recente desaceleração nos índices de preços ao consumidor, os últimos dados qualitativos sugerem a necessidade de cautela. A divulgação do IPCA referente a abril deve confirmar uma nova perda de impulso da inflação em relação ao mês anterior, mas o acumulado em 12 meses pode registrar sua terceira alta consecutiva — um movimento esperado que aumenta a atenção sobre os riscos inflacionários no segundo trimestre.

A recuperação do IGP-M, que voltou a apresentar variação positiva após um breve período de deflação, sugere que o repasse da queda nos custos para os preços finais pode ser limitado ou até inexistente. Além disso, o aumento do índice de difusão na prévia do IPCA de abril, alcançando cerca de 68% — o segundo maior nível desde meados de 2022 —, indica uma maior disseminação das pressões inflacionárias entre os diversos itens da cesta.

Esse cenário reforça a ideia de que o processo desinflacionário pode ser mais lento e sujeito a interrupções.

O Copom deve continuar com o ciclo de aperto monetário, promovendo a sexta elevação consecutiva da taxa Selic e mantendo a possibilidade de um ajuste residual.

Essa decisão será apoiada pelo avanço dos núcleos de inflação mais sensíveis à atividade econômica e pelo alto índice de difusão inflacionária, que mostra uma ampla distribuição das pressões de preços na cesta de consumo.

Embora não haja um consenso entre os agentes do mercado sobre a magnitude do ajuste, a expectativa predominante é um aumento de 0,5%, elevando a taxa básica de 14,25% para 14,75% ao ano. Mais importante do que a decisão em si será o conteúdo do comunicado que acompanhará a reunião, pois ele será crucial para calibrar as expectativas.

A tendência é que o Copom mantenha um viés contracionista, deixando em aberto a possibilidade de pelo menos um novo ajuste residual em junho, dependendo da persistência das pressões inflacionárias e da evolução das expectativas para o médio prazo.

Produção industrial brasileira deve registrar a primeira elevação em seis meses

Apesar de o setor manufatureiro ainda enfrentar um cenário desafiador — caracterizado por incertezas cambiais, taxas de juros elevadas e crescente concorrência externa, especialmente devido à maior oferta de produtos acabados vindos da Ásia — os indicadores antecedentes apontam para um leve crescimento em março. Fatores como o tráfego de veículos pesados nas estradas, a expedição de papel ondulado e o consumo de energia elétrica na indústria sugerem uma pequena recuperação na atividade.

Esses dados indicam uma melhoria pontual em alguns segmentos da indústria de transformação, embora ainda não sejam suficientes para mudar o quadro de estagnação observado no começo do ano. Por outro lado, a análise do índice de gerentes de compras (PMI) da S&P Global mostra que a confiança no setor continua fragilizada.

O indicador caiu para 50,3 pontos em abril, o nível mais baixo desde dezembro de 2023, e está muito próximo da linha dos 50 pontos, que delimita a transição entre expansão e contração. Essa leitura sugere que o fraco dinamismo industrial deve persistir no curto prazo, refletindo um setor ainda pressionado por altos custos financeiros, perda de competitividade e uma demanda interna morna.

Balança comercial brasileira deve registrar superávit expressivo de US$ 8,6 bilhões em abril

O resultado deve auxiliar na redução do desequilíbrio entre o déficit em transações correntes e o fluxo líquido de investimento direto, além de potencialmente apoiar a recente valorização do real em relação ao dólar.

Com um saldo comercial positivo, o balanço de pagamentos se fortalece em um período em que o déficit externo acumulado nos últimos 12 meses (US$ 68,5 bilhões) ligeiramente ultrapassa o investimento direto no mesmo intervalo (US$ 68,2 bilhões). Essa discrepância evidencia a relevância da conta comercial como um mecanismo de ajuste externo.

Federal Reserve deve manter os juros em 4,50%, mesmo sob a crescente pressão do presidente Trump aliados por uma queda imediata da taxa

A queda de 0,3% no PIB anualizado do primeiro trimestre fortalece o argumento político para uma flexibilização da política monetária. No entanto, o banco central dos Estados Unidos parece determinado a resistir a essa pressão. A inflação continua alta e os novos impostos aplicados recentemente ainda não revelaram seu impacto total — especialmente nos preços para os consumidores.

O Fed enfrenta uma situação bastante complexa: o crescimento está perdendo força, mas o risco de um novo aumento da inflação ainda é uma preocupação. Reduzir as taxas de juros neste momento, sem ter clareza sobre os efeitos da guerra comercial, pode ser considerado precipitado. Assim, a expectativa é de que a autoridade monetária mantenha as taxas como estão, mas indique a possibilidade de cortes graduais ao longo do ano.

Próximos indicadores chineses devem ajudar a calibrar a leitura sobre o real dinamismo da economia asiática no início do segundo trimestre

Até o momento, os estímulos fiscais promovidos pelo governo parecem ter produzido alguns efeitos positivos: as exportações continuam em uma trajetória ascendente, enquanto os dados de atividade econômica mostram-se parcialmente resilientes. Contudo, o elevado superávit comercial registrado recentemente é, em grande parte, resultado da diminuição das importações — o que indica uma demanda interna ainda fraca.

Além disso, os índices de preços apontam para um aquecimento econômico moderado. Os dados de abril poderão ser cruciais para entender até que ponto o crescimento observado é fruto de políticas anticíclicas e antecipações pontuais nas exportações, e até que ponto ele resulta de uma recuperação estrutural mais sólida da economia chinesa.

Banco da Inglaterra deve cortar sua taxa básica para 4,25% na próxima decisão

As tensões comerciais globais permanecem elevadas, gerando incertezas no mercado e servindo como uma forte justificativa para um corte de juros cauteloso, uma vez que os impactos das tarifas são negativos. Ao mesmo tempo, o Reino Unido mostra sinais de desaceleração econômica, com índices de gerentes de compras (PMIs) fracos e sem um impulso significativo de crescimento.

Assim, a argumentação para a redução das taxas de juros é pertinente e deve prevalecer sobre o temor de possíveis efeitos inflacionários — especialmente em um contexto onde a inflação tem se aproximado, ainda que lentamente, da meta de 2,0%.

Confira a agenda de indicadores da semana (horário de Brasília):

Segunda-feira, 5 de maio

HorárioPaísIndicador
Hong KongFeriado
ChinaFeriado
JapãoFeriado
Reino UnidoFeriado
05h00BrasilIPC-Fipe (Abril)
05h30Zona do EuroÍndice Sentix de Confiança do Investidor (Maio)
08h00BrasilÍndice de Confiança Empresarial (Abril)
08h25BrasilRelatório Focus (Semanal)
10h45EUAPMI Composto e do Setor de Serviços (Abril)
11h00EUAÍndice de Tendência de Emprego (Abril)
22h45ChinaPMI do Setor de Serviços Caixin (Abril)

Terça-feira, 6 de maio

HorárioPaísIndicador
JapãoFeriado
BrasilCopom
EUAFomc
04h55AlemanhaPMI Composto e do Setor de Serviços (Abril)
05h00Zona do EuroPMI Composto e do Setor de Serviços (Abril)
05h30Reino UnidoPMI Composto e do Setor de Serviços (Abril)
06h00Zona do EuroPPI (Março)
09h30EUABalança Comercial (Março)
10h00BrasilPMI Composto e do Setor de Serviços (Abril)
13h00EUAPerspectiva Energética de Curto Prazo da EIA
17h30EUAEstoques de Petróleo Bruto API (Semanal)
18h00Zona do EuroAnálise de Estabilidade Financeira do BCE
21h30JapãoPMI do Setor de Serviços (Abril)
21h30Hong KongPMI Industrial (Abril)

Quarta-feira, 7 de maio

HorárioPaísIndicador
BrasilCopom
EUAFomc
03h00AlemanhaEncomendas à Indústria (Março)
04h30AlemanhaPMI de Construção (Abril)
05h00Zona do EuroPMI de Construção (Abril)
05h30Reino UnidoPMI de Construção (Abril)
06h00Zona do EuroVendas no Varejo (Março)
08h00EUAÍndice do Mercado Hipotecário (Semanal)
08h00BrasilÍndice de Variação de Aluguéis Residenciais (Abril)
09h00BrasilProdução Industrial (Março)
11h30EUARelatório de Estoques de Petróleo da EIA (Semanal)
14h30BrasilIndeco: Indicadores Econômicos Selecionados
14h30BrasilIC-BR: Índice de Commodities – Brasil (Abril)
15h00EUADeclaração do FOMC
15h00BrasilBalança Comercial (Abril)
15h30EUAColetiva de Imprensa FOMC
16h00EUACrédito ao Consumidor (Março)
18h30BrasilDecisão da Taxa de Juros Selic
20h50JapãoAtas da Reunião de Política Monetária

Quinta-feira, 08 de maio

HorárioPaísIndicador
03h00AlemanhaProdução Industrial (Março)
03h00AlemanhaBalança Comercial (Março)
08h00Reino UnidoDecisão da Taxa de Juros (Maio)
08h00Reino UnidoAtas da Reunião do MPC
08h00BrasilIGP-DI (Abril)
09h00Reino UnidoCarta Aberta do BoE – Inflação
09h00BrasilIPP (Março)
09h30EUAPedidos por Seguro-Desemprego (Semanal)
10h00BrasilProdução de Veículos (Abril)
16h00ArgentinaProdução Industrial (Março)

Sexta-feira, 09 de maio

HorárioPaísIndicador
00h00ChinaBalança Comercial (Abril)
03h00Reino UnidoProdução Industrial (Março)
09h00BrasilIPCA (Abril)
22h30ChinaCPI (Abril)
22h30ChinaPPI (Abril)

DifViral difviral@gmail.com

No DifViral você encontra as melhores dicas, notícias e análises de investimentos para a pessoa física. Nossos jornalistas mergulham nos fatos e dizem o que acham que você deve (e não deve) fazer para multiplicar seu patrimônio. E claro, sem nada daquele economês que ninguém mais aguenta.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *