O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, declarou nesta terça-feira (6) que o governo está em “estado de alerta” devido à iminente exaustão da capacidade de empréstimo estabelecida pelo teto da dívida federal.
Em sua participação em uma audiência na Câmara dos Deputados, ele garantiu que o país continuará a honrar suas obrigações financeiras e rejeitou a ideia de utilizar “manobras” para contornar a restrição legal. De acordo com Bessent, é esperado que o Congresso aumente ou suspenda novamente o teto da dívida.
Na mesma audiência no Comitê de Apropriações da Câmara, Bessent também comentou sobre o desempenho recente da economia americana. Apesar de uma queda de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre — a primeira contração em três anos — ele afirmou não perceber indícios de uma recessão iminente.
O secretário ressaltou que os dados econômicos estão sujeitos a revisões e expressou a expectativa de que os números divulgados pelo Departamento de Comércio sejam ajustados para cima. “Após uma análise detalhada, acredito que teremos uma revisão positiva”, afirmou, sem fornecer mais informações.
Além das questões fiscais e da situação econômica interna, Bessent informou que o governo Trump poderá anunciar, ainda nesta semana, acordos comerciais com alguns dos principais parceiros dos Estados Unidos. Embora não tenha especificado quais países estariam envolvidos, ele mencionou que há negociações em curso com 17 nações, destacando Índia e Japão como possíveis primeiros signatários. Ele também comentou que, até o final do ano, espera finalizar entre 80% e 90% desses acordos.
No entanto, a China permanece fora dessas discussões. De acordo com Bessent, as autoridades americanas estão em contato com representantes chineses, mas não há planos para uma conversa direta entre o presidente Donald Trump e o presidente Xi Jinping nesta semana.
“Eles estão muito interessados em fazer um acordo. Vamos ver como isso se desenvolve, mas precisa ser um acordo justo”, disse Trump em uma entrevista à NBC News no domingo.
As negociações estão ocorrendo em um contexto de tensões comerciais elevadas. Desde abril, os Estados Unidos implementaram uma tarifa de 10% sobre produtos da maioria dos países, além de tarifas ainda mais altas sobre automóveis, aço e alumínio. Também foram estabelecidas tarifas específicas, como 25% para o Canadá e o México e até 145% sobre produtos provenientes da China.
Bessent destacou que cerca de 97% do déficit comercial dos EUA está concentrado em 15 grandes parceiros comerciais, e que o governo está empenhado em buscar reduções significativas em tarifas, barreiras não tarifárias, manipulação cambial e subsídios.
“Ficaria surpreso se não conseguíssemos finalizar mais de 80% ou 90% desses acordos até o final do ano”, afirmou o secretário. “É possível que já tenhamos anúncios significativos ainda nesta semana.”