Segundo especialistas, o principal desafio da estatal entre janeiro e março deste ano é a questão dos investimentos e seu impacto nas expectativas de alcançar um dividend yield superior a 10% ao longo do ano.
Na dramaturgia, os vilões têm um papel crucial, e no mercado financeiro isso não é diferente. Um exemplo claro dessa relação é a Petrobras (PETR4). A estatal irá divulgar, nesta segunda-feira (12), após o fechamento do mercado, os resultados financeiros do primeiro trimestre, e um fator negativo pode comprometer as expectativas dos investidores e os dividendos generosos que a empresa costuma distribuir.
O capex (investimentos) é a principal preocupação da Petrobras entre janeiro e março deste ano, especialmente em relação à possibilidade de a companhia alcançar um dividend yield (retorno sobre dividendos) superior a 10% ao longo do ano.
Quanto ao lucro líquido, as previsões de seis instituições financeiras (BTG, Itaú BBA, Santander, UBS, Citi e XP) indicam que ele deve ser de US$ 5,1 bilhões, representando um aumento de 6,4% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, se essa previsão se concretizar, o resultado irá superar o prejuízo registrado no quarto trimestre de 2024. Você pode consultar o balanço da Petrobras referente aos últimos três meses do ano passado aqui.
No entanto, a performance futura da estatal é incerta.
O primeiro trimestre de 2025 foi marcado por um preço do barril em torno de US$ 70, além de uma produção superior à registrada no final de 2024. Agora, o petróleo parece estar se estabilizando na faixa dos US$ 60, um nível que pode impactar significativamente o desempenho da Petrobras a partir do segundo trimestre — mas isso é uma questão que será discutida em próximas análises.
Outras previsões para a Petrobras no 1T25
No episódio de hoje, a Petrobras deve reportar um lucro líquido maior, embora enfrente uma redução na receita e no EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Segundo as estimativas, a receita líquida da estatal caiu 8,3% entre janeiro e março deste ano, totalizando US$ 21,8 bilhões, enquanto o EBITDA apresentou uma queda de 11,6%, alcançando US$ 10,99 bilhões no mesmo período.
É importante destacar que, em relação ao quarto trimestre do ano passado, os resultados da petroleira devem ser positivos, o que gera expectativas no mercado quanto à distribuição de dividendos.
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A trama (ou o drama) dos dividendos da Petrobras
Após a recepção negativa dos resultados da Petrobras no quarto trimestre de 2024, em grande parte devido ao aumento no capex, a atenção do mercado deve se concentrar nos investimentos da estatal entre janeiro e março deste ano.
“Em um ambiente macroeconômico mais complicado, a redução de investimentos e o aumento da produção provavelmente serão cruciais para qualquer recuperação no valor das ações. Ainda acreditamos que há espaço para gastos menores em 2025”, afirmam os analistas Luiz Carvalho, Pedro Soares e Henrique Perez, do BTG Pactual.
Conforme as projeções do UBS BB, a Petrobras deverá ter um capex entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão, além de um dividend yield que varia de 2,8% a 3,1% no primeiro trimestre.
“O dividend yield continua sendo atrativo após a correção nos preços do petróleo. Apesar da queda nos preços da commodity, mantivemos uma perspectiva otimista sobre a Petrobras, sustentada por um dividend yield estimado em 13% para o ano”, afirmam os analistas Matheus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Modanese em seu relatório.
De acordo com a analista Monique Greco, do Itaú BBA, espera-se que a estatal apresente uma diminuição de 33% no capex em relação ao ano anterior. Ela acredita que um aumento na produção e margens mais favoráveis na área de refino devem assegurar resultados positivos entre janeiro e março deste ano.
Por sua vez, a XP ressalta que os primeiros três meses de 2025 devem ser influenciados por cotações do Brent semelhantes às observadas no último trimestre de 2024, mas com resultados mais satisfatórios para a petroleira.
Regis Cardoso, que lidera as análises de ações nos setores de óleo, gás e petroquímicos na corretora, acredita que um aumento na produção deve resultar em um crescimento sequencial do Ebitda em comparação com o trimestre anterior, embora haja uma queda em relação ao mesmo período de 2024.
Essa visão é compartilhada pelos analistas do Citi, Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona, que também antecipam resultados trimestrais mais positivos.
“Prevemos que a Petrobras apresente números robustos no primeiro trimestre, indicando um aumento do Ebitda ajustado em relação ao trimestre anterior e a divulgação de dividendos ordinários”, afirmaram os analistas em seu relatório.
Eles ressaltam que essa expectativa se fundamenta em preços do petróleo estáveis, redução de custos devido a menos paradas para manutenção, aumento no preço do diesel e previsões de um capex menor durante o período.
Por outro lado, o Safra projeta um Ebitda ajustado 6% superior na comparação trimestral, com uma margem de 52% e um lucro líquido estimado em US$ 4,8 bilhões. O banco também prevê dividendos ordinários trimestrais de US$ 2 bilhões, o que representa um rendimento de 2,8%.

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