As ações da Boeing (BA) apresentavam uma queda de 5% por volta das 12h (horário de Brasília) desta quinta-feira (12), cotadas a US$ 203, após um acidente com um avião da Air India que caiu poucos minutos após a decolagem em Ahmedabad, no oeste da Índia, com 242 pessoas a bordo. As ADRs da empresa (BOEI34) também sofreram uma redução de 5%, sendo negociadas a R$ 1.120.
No pré-mercado de Nova York, os papéis chegaram a registrar uma desvalorização de até 8%.
A aeronave, um Boeing 787-8 Dreamliner, uma das mais avançadas atualmente, estava a caminho do aeroporto de Gatwick, no Reino Unido, conforme comunicado da Air India.
Esse incidente ocorre em um período crítico para a fabricante americana, que busca restaurar a confiança do mercado, dos consumidores e das autoridades em relação à segurança de seus modelos. Além disso, a empresa está empenhada em aumentar sua produção sob a liderança do CEO Kelly Ortberg.
Pior desastre aéreo em uma década
Mais de 200 pessoas perderam a vida, conforme informações das autoridades, em um dos piores desastres aéreos dos últimos dez anos.
A aeronave caiu em uma área residencial, atingindo um albergue de uma faculdade de medicina nas proximidades do aeroporto durante o horário de almoço. O destino do voo era o Aeroporto de Gatwick, localizado ao sul da capital britânica.
O chefe da polícia local, G.S. Malik, confirmou à Reuters que 204 corpos foram encontrados no local da tragédia. Até o momento, não houve relatos de sobreviventes, e o jornal Indian Express informou que todos os 242 ocupantes da aeronave faleceram, segundo informações da polícia.
Malik informou que os corpos recuperados podem incluir tanto os passageiros da aeronave quanto pessoas que estavam no solo.
Familiares foram convocados a fornecer amostras de DNA para facilitar a identificação das vítimas, conforme declarado pelo secretário de saúde estadual, Dhananjay Dwivedi.
“O local do acidente é um albergue para médicos… já conseguimos liberar cerca de 70% a 80% da área e em breve completaremos essa liberação”, revelou um oficial da polícia em entrevista.
Imagens e vídeos do local mostram partes da aeronave espalhadas ao redor do prédio onde ocorreu a colisão, com a cauda do avião presa na parte superior da construção.
De acordo com o canal de TV CNN News-18 da Índia, o avião atingiu a área de refeições do albergue B.J. Medical College, resultando na morte de vários estudantes de medicina.
A bordo estavam 217 adultos, 11 crianças e dois bebês, conforme uma fonte relatou à Reuters. Entre os passageiros, 169 eram indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense, segundo informações da Air India.
O site Flightradar24 destacou que a aeronave envolvida no acidente era um Boeing 787-8 Dreamliner, reconhecida como uma das mais modernas em operação atualmente.
Esse incidente marca o primeiro acidente com o modelo Dreamliner, que iniciou suas operações comerciais em 2011, conforme dados do Aviation Safety Network. A aeronave que caiu havia realizado seu voo inaugural em 2013 e foi entregue à Air India em janeiro de 2014, conforme relataram fontes do Flightradar24.
“Atualmente, estamos investigando os detalhes e em breve compartilharemos mais informações”, afirmou a Air India em sua conta no X.
Desastre da Air India marca 1ª queda de avião Boeing 78
O Boeing 787 Dreamliner é amplamente reconhecido como um dos jatos mais modernos em operação, e especialistas destacam seu histórico de segurança sólido, sem registros de acidentes fatais anteriores. A Boeing está atualmente empenhada em coletar mais informações sobre o incidente ocorrido na quinta-feira.
A aeronave específica, um modelo 787-8, foi entregue à companhia em 2014 e representa a versão menor entre as três variantes do Dreamliner. O 787-8 tem capacidade para 248 passageiros, enquanto o modelo 787-9, que é maior e com maior alcance, pode acomodar até 296 pessoas. A versão maior, o 787-10, que possui alcance inferior, tem capacidade para 336 assentos.
Este jato bimotor oferece a opção de dois tipos de motores, fabricados pela GE Aerospace ou pela Rolls-Royce. No caso do acidente, os motores eram da GE, que se comprometeu a colaborar na investigação.
Até o momento, a Boeing já comercializou mais de 2.500 unidades do modelo 787, sendo 47 destinadas à Air India. A empresa entregou 1.189 jatos a companhias aéreas e locadoras, mas tem enfrentado desafios devido a atrasos na produção, refletindo uma crise mais ampla dentro da maior exportadora dos Estados Unidos.
O Dreamliner fez seu voo inaugural em 2011 e entrou em operação no mesmo ano, após alguns atrasos no desenvolvimento. Sua criação representou um marco no design aeronáutico ao oferecer uma eficiência de combustível melhorada em até 20%, utilizando materiais compostos leves e sistemas elétricos inovadores.
O tamanho e a eficiência do 787 permitiram a abertura de novas rotas, evitando os grandes hubs que tradicionalmente utilizam aeronaves como o Boeing 747 e o Airbus A380, contribuindo para a redução da produção desses modelos.
A Airbus também seguiu essa tendência ao desenvolver o A350, que utiliza tecnologias semelhantes com materiais compostos.
Ademais, o processo de montagem do 787 foi inovador ao terceirizar uma parte significativa de sua estrutura e componentes para fornecedores ao redor do mundo, reunindo as partes em locais como Everett, Washington e North Charleston, Carolina do Sul. No entanto, essa estratégia levou a complicações na cadeia de suprimentos, resultando em reconhecimento por parte da Boeing de que havia se aventurado demais na terceirização.
Incidentes anteriores
Em julho de 2013, um Boeing 787 desocupado da Ethiopian Airlines incendiou-se enquanto estava estacionado no aeroporto de Heathrow, em Londres. Esse incidente foi posteriormente atribuído a um curto-circuito em um transmissor de emergência.
Ainda em 2013, as autoridades reguladoras decidiram suspender temporariamente todas as operações da frota global de 787 após o superaquecimento das baterias de lítio em dois aviões de companhias aéreas japonesas, um em Tóquio e outro em Boston. Isso levou a modificações no projeto das baterias para minimizar o risco de fugas térmicas.
Mais recentemente, em março do ano passado, um episódio envolvendo um 787 da LATAM Airlines resultou em ferimentos para pelo menos 50 passageiros quando a aeronave experimentou uma queda repentina durante um voo entre Sydney e Auckland. As investigações apontaram que o movimento inesperado foi causado por um deslocamento involuntário do assento do piloto.

DifViral difviral@gmail.com
No DifViral você encontra as melhores dicas, notícias e análises de investimentos para a pessoa física. Nossos jornalistas mergulham nos fatos e dizem o que acham que você deve (e não deve) fazer para multiplicar seu patrimônio. E claro, sem nada daquele economês que ninguém mais aguenta.