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A Gucci é a responsável pela situação? O Grupo Kering apresenta resultados abaixo das expectativas, após uma queda de 25% na receita de sua marca principal

A crise generalizada no mercado de luxo impacta o conglomerado francês; essa desaceleração já havia sido antecipada pelo CEO, François Pinault.

François Pinault não figura mais na lista dos 100 maiores bilionários do mundo da Forbes. A razão para a diminuição de sua fortuna é a mesma que vem se repetindo: os resultados insatisfatórios do grupo Kering, um dos principais conglomerados de luxo global, que abriga marcas renomadas como Gucci, Saint Laurent e Balenciaga.

O relatório do primeiro trimestre de 2025 revela que a crise enfrentada pela empresa ainda persiste. A receita caiu 14% em relação ao ano anterior, totalizando 3,9 bilhões de euros, abaixo dos 4,01 bilhões de euros previstos pelos analistas da LSEG.

Os números decepcionantes são atribuídos principalmente à Gucci, que é a marca mais prestigiada e lucrativa do grupo. A marca italiana registrou uma queda expressiva de 25% em sua receita.

Outras marcas, como Saint Laurent e Balenciaga, também não contribuíram para melhorar os resultados. Por outro lado, a Bottega Veneta se destacou com um aumento nas vendas, impulsionado pela geração Z e clientes VIP, além de um bom desempenho nas áreas de beleza e ótica.

Pinault está ciente de que a crise que afeta o mercado de luxo desde o ano passado não pouparia o conglomerado francês. O mesmo se aplica ao seu principal concorrente, o grupo LVMH, que também registrou uma diminuição em sua receita neste primeiro trimestre.

Em uma mensagem aos investidores, o CEO comentou: “como previmos, o grupo Kering teve um início de ano desafiador.”

A redução nas vendas na Ásia, especialmente devido à crise econômica na China, foi identificada pela empresa como uma das razões para os resultados insatisfatórios. Além disso, tanto os consumidores asiáticos quanto os da América do Norte e da Europa diminuíram suas compras.

A situação na Gucci

Uma das principais esperanças para a revitalização da Gucci está nas mãos do novo diretor criativo, Demna Gvasalia, que foi anunciado no início do ano. Com uma trajetória marcante na Balenciaga, onde trouxe uma nova abordagem ao streetwear nos últimos dez anos, Demna é uma figura polêmica. Sua gestão enfrentou controvérsias sérias em 2022, quando uma campanha publicitária foi vinculada a temas de pornografia infantil.

O conglomerado está claramente empenhado em reverter a situação da Gucci, que não conseguiu aproveitar o crescimento do mercado de luxo pós-pandemia e já enfrenta uma queda nas vendas há algum tempo. No ano passado, essa desaceleração chegou a 21%.

Além disso, houve uma mudança no comando da empresa com a troca de CEO, quando Stefano Cantino, ex-executivo da Louis Vuitton, assumiu o cargo.

A crise na Gucci não se resume apenas à queda geral do setor; também reflete uma mudança nas preferências dos consumidores, que parecem ter perdido o interesse pela estética tradicional da marca italiana. Por isso, há grandes expectativas de que Demna traga um novo frescor quando assumir oficialmente em julho.

De acordo com o site especializado Business of Fashion, “o sucesso dependerá em grande parte da habilidade de Demna em criar algo diferente e inovador que ainda mantenha a essência da Gucci — sem desconsiderar os avanços recentes em qualidade de produção e na construção de credibilidade em faixas de preço mais altas”.

Nesse contexto, a incerteza econômica global e as tensões comerciais geradas por Donald Trump são vistas como potenciais ameaças. Até agora, as tarifas impostas pelo ex-presidente não impactaram significativamente as vendas. Nos Estados Unidos, os números permanecem estáveis em comparação ao final de 2024, segundo o grupo.

Embora produtos de luxo costumem ser menos afetados por crises econômicas devido ao poder aquisitivo dos consumidores, os efeitos do aumento de preços não podem ser ignorados completamente. A diretora financeira Armelle Poulou comentou: “Atualmente, não percebemos nenhuma mudança nas tendências, mas sabemos que a volatilidade pode minar a confiança do consumidor e continuamos vigilantes.”


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