Pular para o conteúdo

Ações da Gol (GOLL4) sobem 13% após balanço do primeiro trimestre — mas você deveria vender os papéis e aqui está o porquê

De acordo com o BTG Pactual, a companhia aérea teve um lucro líquido que ultrapassou as previsões do mercado. No entanto, dois aspectos têm gerado preocupação entre os analistas; confira os detalhes.

Após meses enfrentando problemas com o motor, a principal dúvida sobre a Gol (GOLL4) neste trimestre era se já era possível desligar o alerta de “máscaras de oxigênio cairão automaticamente” — mas, pelo que parece, isso ainda não aconteceu.

Embora as ações da Gol tenham subido 13% por volta das 11h desta quinta-feira (15), especialmente em contraste com a reação negativa ao balanço da Azul no dia anterior, o BTG Pactual continua recomendando cautela em relação aos papéis. Isso ocorre mesmo após os resultados do primeiro trimestre de 2025 terem superado as expectativas.

Na análise do banco, embora o desempenho tenha sido positivo, ele foi afetado pela recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) e pela flutuação cambial.

O resultado da Gol (GOLL4) no primeiro trimestre

Nos primeiros três meses deste ano, a companhia aérea registrou um lucro líquido de R$ 1,37 bilhão, o que representa uma queda de 63,7% em comparação ao mesmo período de 2024.

Segundo o BTG, esse resultado superou as expectativas, sendo impulsionado por uma variação cambial positiva de R$ 4,2 bilhões. O banco havia previsto um prejuízo de R$ 1,9 bilhão.

Considerando a base ajustada — que exclui variações cambiais, alterações nas dívidas e ganhos ou despesas extraordinárias — o lucro aumentou 43,6% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 1,653 bilhão.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 1,236 bilhão no trimestre, mantendo-se praticamente inalterado em comparação ao ano anterior. A margem Ebitda foi de 22%, apresentando uma redução de 4,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024.

Por outro lado, a dívida líquida da Gol aumentou 43,7% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, alcançando R$ 31,1 bilhões. O resultado operacional (Ebit) — que serve como um indicador da saúde financeira ao desconsiderar a depreciação dos aviões — foi de R$ 536 milhões, uma diminuição de 33,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O índice de endividamento, que mede a relação entre a dívida líquida e o Ebitda recorrente — indicando em quantos anos a empresa conseguiria saldar suas dívidas mantendo o Ebitda atual — chegou a 5,8 vezes, superior às 4,2 vezes registradas no primeiro trimestre de 2024.

Para o BTG, apesar do benefício trazido pela valorização do real em relação ao dólar, o nível da dívida ainda é considerado elevado.

Uma saída para o Chapter 11?

A companhia compartilhou novidades sobre o progresso do processo de Chapter 11 da Gol (GOLL4), ressaltando que um desenvolvimento importante ocorreu neste mês. Durante uma reunião, o Conselho de Administração aprovou uma proposta de aumento de capital, além de outras medidas que ainda precisam ser aprovadas pelos acionistas.

A proposta sugere que a Gol transforme parte de suas dívidas em ações, permitindo que credores que atualmente têm valores a receber se tornem acionistas da empresa. O total a ser capitalizado varia entre R$ 5,3 bilhões e R$ 19,3 bilhões, dependendo da adesão ao plano.

Para viabilizar isso, a empresa planeja emitir uma quantidade significativa de ações: pelo menos 3,6 trilhões de ações ordinárias e 430 bilhões de ações preferenciais; em um cenário mais otimista, a emissão pode chegar a 13,1 trilhões de ações ordinárias e 1,6 trilhão de ações preferenciais. Todas as ações serão escriturais, ou seja, registradas eletronicamente e sem valor nominal.

Essa operação implica em uma diluição considerável para os acionistas existentes. Contudo, a empresa enfatizou que o aumento de capital é crucial para possibilitar a conversão das dívidas em participação acionária.

Outros destaques do balanço

A receita líquida da empresa alcançou R$ 5,629 bilhões no período de janeiro a março deste ano, representando um crescimento de 19,4% em relação ao ano anterior. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela receita do transporte de passageiros, que totalizou R$ 5,09 bilhões, com uma elevação de 18% em comparação ao mesmo trimestre de 2024.

A receita gerada por assento disponível por quilômetro (Prask) chegou a R$ 0,42 no primeiro trimestre, registrando um aumento de 5,4% em relação ao ano passado. Segundo a empresa, esse resultado reflete sua capacidade de aumentar a receita de forma lucrativa.

Esse desempenho se traduziu em uma melhora no yield, que mede quanto a companhia recebe por cada passageiro transportado por quilômetro, alcançando R$ 0,50 — um crescimento de 5% em relação ao primeiro trimestre de 2024.

A capacidade total oferecida (Ask) cresceu 12% em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior, atingindo R$ 0,46.

Por outro lado, o cask — indicador que avalia o custo operacional por assento — subiu 11,6% nos primeiros três meses do ano, totalizando R$ 0,39. Se excluído o custo do combustível, a alta foi ainda maior, alcançando 17,6%, com o valor de R$ 0,27.

No primeiro trimestre, a empresa teve um consumo de R$ 433 milhões em caixa nas suas operações. A Gol investiu R$ 678 milhões em Capex, grande parte destinada à recuperação de motores para recomposição da frota. Isso foi crucial para o aumento de quatro aeronaves operacionais em comparação ao primeiro trimestre de 2024, apesar da diminuição na frota contratada.

O fluxo de caixa financeiro da companhia apresentou um consumo de R$ 849 milhões no trimestre devido às amortizações das dívidas financeiras e aos pagamentos de juros e arrendamentos.

O que fazer com as ações?

De acordo com o BTG, a Gol (GOLL4) apresentou um desempenho operacional robusto no primeiro trimestre de 2025, com um aumento na capacidade e nos preços, refletindo uma demanda ainda forte. Contudo, a empresa continua operando com um nível elevado de endividamento.

“Nesse contexto, o mercado deve monitorar atentamente os desdobramentos do processo de recuperação no Chapter 11, que ainda está em andamento. Além disso, fatores como volume de passageiros, yield, preços dos combustíveis e possíveis alterações na frota permanecem no foco dos investidores”, afirmam os analistas do banco.

Por essa razão, a recomendação é de venda das ações.


DifViral difviral@gmail.com

No DifViral você encontra as melhores dicas, notícias e análises de investimentos para a pessoa física. Nossos jornalistas mergulham nos fatos e dizem o que acham que você deve (e não deve) fazer para multiplicar seu patrimônio. E claro, sem nada daquele economês que ninguém mais aguenta.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *