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Ações do Banco do Brasil sentem o peso do balanço fraco e tombam mais de 10% na B3. Vale a pena comprar BBAS3 na baixa?

A percepção do mercado em relação ao resultado foi desfavorável. Confira as opiniões dos analistas.

Após apresentar um balanço abaixo das expectativas no primeiro trimestre de 2025 e suspender suas projeções para o ano, o Banco do Brasil (BBAS3) começou o pregão desta sexta-feira (16) em queda acentuada.

Na abertura da sessão, as ações BBAS3 despencaram 13,88%, sendo negociadas a R$ 25,32. No entanto, desde o começo do ano, o banco ainda registra uma valorização em torno de 8% na B3.

A percepção do mercado em relação ao resultado foi desfavorável. O BTG Pactual, por sua vez, classificou o primeiro trimestre de 2025 do Banco do Brasil como uma “grande decepção”, enquanto o JP Morgan considerou os resultados “pior do que o esperado”.

“O consenso do mercado já antecipava um desempenho fraco, com a expectativa de que a situação no agronegócio continuasse a se deteriorar. Contudo, a realidade superou essas previsões negativas”, comentou Malek Zein, analista de ações da Eleven Financial.

Confira os destaques do balanço do Banco do Brasil (BBAS3) no 1T25:

IndicadorResultado 1T25Projeções de consensoVariação (a/a)Evolução (t/t)
Lucro LíquidoR$ 7,37 bilhõesR$ 9,108 bilhões-20,7%-23,0%
ROE16,7%-4,98 p.p -4,16 p.p
ProvisõesR$ 15,45 bilhões+64,2%+66,1%
Margem financeira líquidaR$ 13,73 bilhões-20,1%-21,7%
Carteira de crédito ampliadaR$ 1,27 trilhão+14,4%+1,1%

O que frustrou os analistas?

Em síntese, o mercado avalia que o balanço do Banco do Brasil (BBAS3) ficou abaixo das expectativas em vários aspectos, com ênfase negativa nos indicadores de lucratividade, rentabilidade, inadimplência e provisões.

De acordo com a análise do BTG, o desempenho insatisfatório foi impulsionado, principalmente, pela deterioração da qualidade dos ativos na carteira de agronegócio, setor no qual o Banco do Brasil possui uma exposição significativamente maior em comparação aos seus concorrentes.

No entanto, a influência do agronegócio não foi o único desafio identificado pelos analistas. As alterações contábeis decorrentes da implementação da nova resolução 4.966 do Banco Central, que entrou em vigor em 1º de janeiro, “também impactaram muito mais o banco do que seus concorrentes”.

“O impacto da resolução 4.966 no método de cálculo dos juros para parte do portfólio já era esperado, afetando negativamente as receitas de crédito. Contudo, a magnitude desse efeito foi maior do que prevíamos”, destacou o BTG.

Na visão do banco, é comum que instituições financeiras ofereçam períodos de carência para créditos destinados ao agronegócio, o que explica por que o Banco do Brasil foi mais impactado pela mudança nas regras contábeis em comparação aos seus pares.

Por outro lado, o JP Morgan classificou os resultados insatisfatórios do BB como uma “grande frustração”, ressaltando que o lucro líquido caiu 20% em relação ao ano anterior.

“Antecipamos uma reação negativa significativa das ações, pois acreditamos que o consenso precisará de ajustes substanciais”, avaliou a instituição norte-americana.

Os analistas expressam preocupação com a possibilidade de que as tendências fracas, especialmente no setor agrícola, persistam nos próximos meses.

“Mesmo se os ajustes contábeis não forem favoráveis, não temos certeza se isso se configura apenas como um episódio temporário ou se demandará um período mais longo para recuperação, uma vez que parte dessas tendências depende do ciclo de crédito no agronegócio e de outros produtos que continuam a se deteriorar”, afirmaram.

De acordo com o JP Morgan, considerando que a rentabilidade (ROE) do Banco do Brasil caiu para menos de 20%, “o ritmo atual de crescimento da carteira de empréstimos levanta questões sobre a sustentabilidade do pagamento de dividendos”.

Para o Goldman Sachs, os principais desafios para o BB daqui em diante incluem como recuperar a margem financeira líquida antes da eventual redução das taxas de juros no Brasil, a extensão da deterioração na qualidade dos ativos no agronegócio e se o ROE conseguirá se aproximar novamente da marca de 20%.

Recomendação de compra para BBAS3, mas…

Apesar do desempenho abaixo do esperado, o BTG mantém sua recomendação de compra para as ações BBAS3, baseando-se em “fundamentos de valuation”, embora com um viés negativo.

“Após analisarmos os resultados, nossa primeira impressão foi considerar um rebaixamento da ação. No entanto, concluímos que isso não beneficiaria nem a nós nem aos nossos clientes. A mudança contábil provavelmente indica que o Banco do Brasil não conseguirá manter um ROE sustentável acima de 20%. Por outro lado, o mercado ainda não precificou a ação de acordo com essa realidade”, avaliou a instituição.

Os analistas destacam que o Banco do Brasil ainda apresenta um valuation atrativo, sendo negociado a um múltiplo de aproximadamente 5,5 vezes o preço/lucro projetado para 2025.

Por sua vez, o JP Morgan optou por uma recomendação neutra para o BB. “Buscando maior clareza sobre a capacidade de geração de lucro, decidimos manter essa recomendação”, afirmou o banco norte-americano.

O Goldman Sachs também adotou uma classificação neutra para as ações BBAS3.


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