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As ações da Minerva (BEEF3) caíram 5% após o Goldman Sachs rebaixar a recomendação para os papéis e sugerir outras duas opções para substituí-los

A Minerva (BEEF) é a ação que mais cai no Ibovespa nesta segunda-feira (14) por volta das 12h, apresentando uma queda de 6,17%. A principal razão para essa desvalorização é o rebaixamento da recomendação de compra para neutra pelo Goldman Sachs.

O banco avalia que a relação risco/retorno da empresa está equilibrada, indicando que o potencial de valorização é limitado no momento.

Isso ocorre mesmo considerando a aprovação do aumento de capital de até R$ 3 bilhões, anunciado na última terça-feira (8), que deve contribuir para a saúde financeira da Minerva. A proposta será discutida em assembleia no dia 29 de abril.

Segundo a análise dos especialistas, a possível diminuição da dívida da empresa pode aliviar algumas preocupações no curto prazo, mas a companhia continuará enfrentando um balanço financeiro apertado, pressionada pelo elevado custo da dívida e pelos desafios de integrar os ativos recentemente adquiridos.

Isso acontece enquanto as ações estão sendo negociadas em níveis próximos aos seus máximos históricos.

“Identificamos uma relação risco-retorno mais favorável em JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), ambas com recomendação de compra”, apontam os analistas em seu relatório.

O que afeta a Minerva

O Goldman Sachs ressalta que a empresa fechou 2024 com um nível de endividamento de 3,7 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em reais, um resultado considerado uma surpresa positiva.

Entretanto, ao analisar os resultados de forma mais detalhada, os analistas do banco perceberam que a companhia conseguiu aumentar seu caixa de curto prazo ao postergar o pagamento aos fornecedores. “Após examinar minuciosamente os documentos da empresa e seu balanço, notamos que a linha de financiamento a fornecedores subiu de R$ 1,4 bilhão em 2023 para R$ 2,2 bilhões em 2024, resultando na liberação de R$ 478 milhões em caixa no trimestre”, afirma o relatório.

  • Nesse contexto, a linha de financiamento refere-se à prática em que uma empresa negocia com seus fornecedores para adiar o pagamento das compras. Em vez de realizar o pagamento imediato por matérias-primas ou serviços, a empresa opta por postergar essa despesa, o que proporciona um alívio financeiro e aumenta a disponibilidade de caixa no curto prazo.

Caso esse valor fosse considerado no cálculo da dívida líquida, a alavancagem ajustada pró-forma — que representa uma projeção mais precisa do endividamento — aumentaria para 4,2 vezes, mantendo as demais variáveis inalteradas.

“A Minerva informa em suas demonstrações financeiras que, ao manter as condições comerciais com os fornecedores, essas operações foram analisadas pela administração e classificadas como de natureza comercial — portanto, são registradas como contas a pagar”, afirmam os analistas no relatório.

Em outras palavras, a empresa argumenta que essa prática não constitui um risco adicional de alavancagem, pois faz parte das relações comerciais normais com seus fornecedores.

Contudo, os analistas adotam uma abordagem mais cautelosa ao incluir esse montante na dívida líquida — resultando em uma alavancagem ajustada pró-forma mais elevada (4,2x).

Segundo o Goldman Sachs, o aumento de capital poderia proporcionar R$ 2 bilhões em liquidez e reduzir a alavancagem para 3,2 vezes (ou 3,8 vezes se considerar o financiamento a fornecedores).

Esse novo patamar ofereceria maior flexibilidade ao balanço da empresa, embora ainda esteja acima do nível considerado confortável pela gestão, que é de 2,5 vezes o Ebitda.

O endividamento da Minerva

De acordo com o CFO, Edison Ticle, a Minerva pretende destinar os recursos da oferta de ações, principalmente, para quitar dívidas onerosas que estão próximas do vencimento. Essas dívidas incluem:

  • Debêntures das 8ª, 9ª e 11ª emissões que têm vencimento iminente; além de uma parte dos bônus (títulos de dívida emitidos internacionalmente) que vencem em 2031.

Dessa forma, os analistas do Goldman Sachs estimam que a empresa pode economizar até R$ 175 milhões anualmente em juros, já considerando os impostos — ou seja, esse seria o ganho líquido para o caixa da Minerva. “Isso nos leva a fazer uma revisão moderada para cima em nossa projeção de lucro líquido, que atualmente é negativa em R$ 148 milhões (sem incluir a capitalização)”, afirmam os analistas.

No entanto, o fluxo de caixa da Minerva deve permanecer pressionado em 2025. Sem levar em conta os efeitos da oferta de ações, a expectativa é de uma queima de caixa de R$ 580 milhões no ano, influenciada pelos altos custos da dívida e pela necessidade de capital de giro para acelerar as operações recém-adquiridas da Marfrig, com um impacto estimado em R$ 571 milhões.

A estratégia de gestão passiva das dívidas pode ajudar a aliviar parte dessa pressão, mas os analistas ressaltam que será necessário um desempenho operacional melhor do que o esperado para que a empresa consiga voltar a gerar fluxo de caixa livre.

Para equilibrar suas finanças, as estimativas sugerem que a Minerva precisaria reduzir sua dívida bruta em cerca de R$ 2,5 bilhões — sendo que até R$ 1 bilhão poderia ser obtido nos próximos três anos com o exercício dos bônus de subscrição relacionados à nova oferta.

Isso se deve ao fato de que, no anúncio do aumento de capital, a Marfrig ofereceu chamados warrants aos investidores. Isso significa que, para cada duas ações adquiridas pelo investidor, ele receberá um warrant, ou seja, o direito de comprar mais ações da Minerva no futuro pelo mesmo preço de emissão (R$ 5,17 por ação), dentro de um prazo de três anos.

Por que a Minerva está tão endividada?

A Minerva alcançou essa situação em grande parte devido a uma estratégia de aquisições audaciosa, com a compra de parte das operações da Marfrig sendo o movimento mais recente.

Essa transação foi finalizada em 2024, e incluiu a aquisição de 11 plantas frigoríficas da concorrente, localizadas na Argentina, Uruguai, Chile e Brasil. O valor total da operação foi de R$ 7,5 bilhões. A Minerva financiou esse crescimento através de dívidas e agora busca equilibrar seu balanço financeiro.


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