O Banco Safra alterou sua recomendação para as ações da CBA (CBVA3), controlada pela Votorantim, passando de “compra” para “neutra”, abandonando o otimismo anterior. Além disso, o preço-alvo para o final de 2025 foi ajustado de R$ 7,80 para R$ 5,50.
Após essa mudança na recomendação, as ações apresentaram queda nesta terça-feira (3). Por volta das 12h (horário de Brasília), os papéis registravam uma baixa de 0,44%, cotados a R$ 4,50.
Embora os analistas reconheçam que há potencial para valorização das ações, eles alertam que ganhos significativos só devem ocorrer a partir de 2029, quando a empresa do setor de alumínio começará a gerar fluxo de caixa livre (FCF) superior a 20% ao ano. Até lá, o banco estima um FCF em torno de 1% ao ano entre 2025 e 2026, o que limita a atratividade da ação no curto prazo.
A decisão de rebaixar a recomendação está relacionada ao cenário mais difícil para os preços do alumínio. O banco revisou para baixo suas previsões para a commodity, agora esperando um preço de US$ 2.519 por tonelada em 2025, ligeiramente abaixo do nível atual do mercado. Para 2026, a projeção também foi ajustada para US$ 2.588.
O Safra observa uma forte relação entre o desempenho da CBA e os preços internacionais do alumínio, tanto na Bolsa de Metais de Londres (LME) quanto nos prêmios físicos — que são os valores adicionais pagos por compradores para a entrega imediata ou regionalizada do metal.
“Com os preços em níveis baixos e uma expectativa de estabilização entre US$ 2.500 e US$ 2.600 até o final de 2026, o potencial de valorização das ações é restrito no curto prazo”, aponta o relatório.
Além disso, a previsão de resultados mais fracos influenciou as revisões. A estimativa do banco para o Ebitda da CBA em 2025 foi reduzida em 21%, passando para R$ 1,32 bilhão, um valor que está 18% abaixo do consenso do mercado. Para o segundo trimestre deste ano, a projeção é de um Ebitda de R$ 323 milhões, representando uma queda de 25% em relação ao primeiro trimestre de 2025, impactada por preços realizados mais baixos e custos ainda elevados.
Para 2026, o Safra adota uma postura cautelosa, projetando um Ebitda de R$ 1,3 bilhão, que permanece 21% abaixo da expectativa do mercado. O desempenho da divisão de energia deve ser afetado por um Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) mais baixo.
Potencial de recuperação à frente
Embora mantenha uma perspectiva mais cautelosa para o curto prazo, o Safra é otimista em relação ao médio e longo prazo. O banco ressalta que, se a previsão de déficit global no mercado de alumínio se concretizar a partir de 2027, a CBA poderá gerar um fluxo de caixa livre significativo à medida que os fundamentos da commodity melhorarem e contratos menos favoráveis de energia chegarem ao fim.
O relatório também destaca o recente aumento nas posições vendidas em CBA, que alcançaram os níveis mais altos desde julho de 2025. Isso pode criar espaço para um possível short squeeze — um movimento em que investidores que apostaram na queda das ações correm para comprá-las e evitar perdas maiores.
Entretanto, o banco continua atento aos riscos, incluindo o aumento da oferta de alumínio pela China e Europa, uma demanda global abaixo do esperado, a possível suspensão das sanções ao alumínio russo, a não renovação de concessões hidrelétricas e flutuações inesperadas nos preços do alumínio e nas taxas de câmbio.
“Queremos observar os próximos resultados para obter mais clareza sobre os custos e vendas de energia antes de reconsiderar uma recomendação mais otimista”, afirma o Safra no relatório.

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