As ações da Casas Bahia (BHIA3) têm apresentado um desempenho volátil na B3, refletindo os esforços da empresa para melhorar sua situação financeira. Recentemente, a varejista alcançou um marco significativo em sua reestruturação de dívidas ao finalizar negociações com credores para converter parte de seus débitos em ações, o que deve contribuir para a diminuição da alavancagem.
Desde meados de 2023, a empresa está implementando um plano de transformação, que incluiu um processo de recuperação extrajudicial. Além disso, a Casas Bahia revisou categorias essenciais e decidiu se afastar das disputas com grandes plataformas de e-commerce.
As ações da varejista, que chegaram a ser negociadas como penny stocks — com valores inferiores a R$ 1 —, apresentam uma valorização de mais de 40% em 2025 até agora.
Apesar das oscilações na Bolsa, a valorização acumulada em 2025 ultrapassou os 200% em março, mas, no último mês, as ações da BHIA3 registraram uma queda de 17%.
Após firmar um acordo com seus credores, a Casas Bahia planeja antecipar a conversão da segunda série de debêntures em ações ordinárias. Essa conversão, que transforma os títulos de dívida emitidos pela empresa em capital próprio, tem como objetivo diminuir o nível de endividamento.
Um dia antes do anúncio da Casas Bahia, a Genial Investimentos atualizou sua recomendação de venda para “manter”, levando em conta o preço atual das ações e o potencial “efeito dominó” que a cláusula de conversão das debêntures — inicialmente prevista para ocorrer em outubro — poderia gerar.
Para a Genial, esse evento se destaca como um dos mais significativos em termos de diluição acionária no mercado atual e pode alterar profundamente a estrutura de capital da Casas Bahia.
Movimento da Casas Bahia agrada analistas
O analista Rafael Passos, da Ajax Capital, ressalta que a Casas Bahia firmou um acordo para reestruturar a primeira série da décima emissão de debêntures, o que permite o adiamento dos pagamentos de principal e juros de novembro de 2026 para novembro de 2027.
Além disso, a empresa obteve uma isenção temporária das provisões de cash sweep, possibilitando a manutenção de até R$ 500 milhões em liquidez nos próximos 12 meses. É importante mencionar que o mecanismo de cash sweep exige que a companhia utilize o caixa gerado para amortizar ou quitar suas dívidas antecipadamente.
“Todas essas notícias são favoráveis para BHIA3 e ajudam na diminuição da alavancagem financeira da empresa, alinhando-se com a estratégia de reestruturação do ativo. Após a conversão das debêntures em ações, a dívida deve cair de R$ 5,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025 para R$ 4,2 bilhões, resultando em uma relação dívida líquida/Ebitda em torno de 0,8 vez”, explica Passos.
Por outro lado, ele alerta que o prazo de 16 meses para as vendas das ações pode criar um excesso potencial de oferta nesse período.
A Nord Investimentos enfatiza que as ações da Casas Bahia diminuem o risco de insolvência no curto prazo e proporcionam à empresa maior liberdade para implementar seu plano de reestruturação. O analista Rafael Ragazi acredita que a redução da pressão financeira pode auxiliar na recuperação da rentabilidade e geração de caixa da companhia. Segundo ele, a empresa ainda possui uma marca forte, uma presença nacional significativa e uma base de clientes robusta.
“Até agora, os papéis da varejista subiram 47% no ano, embora tenham chegado a acumular mais de 250% em alta antes de devolver grande parte desse movimento. No entanto, em um período de 12 meses, as ações ainda apresentam uma queda de 36%. Neste momento, mantemos nossa recomendação de evitar o papel”, conclui o analista da Nord.
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