O ranking da Quantum Finance ressalta empresas que, embora não sejam tão mencionadas na mídia financeira, ofereceram bons dividendos entre abril de 2024 e março de 2025.
Em apenas três meses, muita coisa pode mudar — incluindo as cinco empresas com os maiores dividend yields (DY), especialmente em um período repleto de surpresas.
No início do ano, quatro “desconhecidas” da B3 conseguiram tirar a Petrobras (PETR4) do top 4 do ranking, mas agora a estatal começa a subir na lista dos maiores DY, ocupando a quarta posição.
É importante lembrar que o dividend yield é calculado ao dividir o total de dividendos pagos por uma empresa nos últimos 12 meses pelo preço da ação. Esse indicador reflete o retorno obtido apenas com os proventos distribuídos por uma companhia.
A pesquisa realizada pela Quantum Finance, analisando as cotações de 02/04/2024 a 31/03/2025, revela que as seguintes empresas proporcionaram os maiores retornos aos acionistas por meio de dividendos durante esse período:
- Aqui está a lista em ordem alfabética:
- Ânima Holding (ANIM3), com DY de 20,47%;
- Allied Tecnologia (ALLD3), com DY de 34,27%;
- Embpar Participações (EPAR3), com DY de 23,99%;
- Petrobras (PETR4), com DY de 21,23%;
- SYN Prop & Tech (SYNE3), com DY de 59,43%;
A SYN Prop & Tech (SYNE3) e a Allied Tecnologia (ALLD3) mantiveram as primeiras posições em dividend yield, garantindo ouro e prata, respectivamente, com poucas variações ao longo do período analisado.
Por outro lado, a Embpar (EPAR3) registrou um crescimento superior a 1% no dividend yield, o que possibilitou que suas ações conquistassem a medalha de bronze.
A SYN Prop & Tech (SYNE3) e a Allied Tecnologia (ALLD3) permaneceram nas duas primeiras colocações em dividend yield, assegurando as medalhas de ouro e prata, respectivamente, com pouquíssimas oscilações durante o período em questão.
Em contrapartida, a Embpar (EPAR3) apresentou um aumento de mais de 1% no dividend yield, permitindo que suas ações garantissem a medalha de bronze.
As 10 maiores pagadoras de dividendos
No estudo abrangente, a Quantum Finance identificou as dez principais empresas pagadoras da bolsa no período de abril de 2024 a março de 2025.
A consultoria levou em conta apenas as empresas que estiveram presentes na bolsa durante todo o período e cujas ações registraram pelo menos uma transação diária. Veja abaixo o ranking completo:
Ranking | Nome | Ticker | Dividend Yield | Retorno |
---|---|---|---|---|
1 | SYN Prop & Tech | SYNE3 | 59,43% | 36,78% |
2 | ALLIED ON NM – ALLD3 | ALLD3 | 34,27% | -2,86% |
3 | Empar | EPAR3 | 23,99% | -22,79% |
4 | Petrobras | PETR4 | 21,23% | 20,76% |
5 | Ânima | ANIM3 | 20,47% | -46,31% |
6 | São Carlos | SCAR3 | 19,41% | -23,28% |
7 | Petrobras | PETR3 | 19,29% | 27,93% |
8 | Petrorecsa | RECV3 | 16,66% | -17,48% |
9 | Kepler Weber | KEPL3 | 16,46% | -21,16% |
10 | Marfrig | MRFG3 | 16,20% | 104,41% |
Com o apoio de Ruy Hungria, analista da Empiricus Research e colunista do Seu Dinheiro, vamos explorar mais sobre as empresas que estão no top 5.
Além disso, vamos analisar se há a possibilidade de que essas ações consigam repetir o desempenho e ofereçam bons dividendos em 2025.
Conheça mais sobre as empresas com maior retorno de dividendos
SYN Prop & Tech (SYNE3)
Em primeiro lugar no ranking, a SYN Prop & Tech (SYNE3) foi formada a partir de uma cisão parcial do negócio da Cyrela (CYRE3).
A incorporadora tem como foco o desenvolvimento de imóveis comerciais, especialmente shoppings e edifícios corporativos de alto padrão. Seu portfólio é relativamente concentrado, com empreendimentos localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
No ano de 2024, a empresa vendeu parte de seu portfólio de shoppings para o fundo imobiliário XP Malls (XPML11) por R$ 1,85 bilhão, o que se tornou uma das maiores transações da história do setor.
A empresa decidiu, então, destinar uma parte desse montante significativo aos acionistas.
Em setembro do ano passado, a Syn anunciou o pagamento de R$ 440 milhões em dividendos, o que corresponde a R$ 2,88 por ação.
Outro aspecto que influenciou consideravelmente a distribuição de proventos foi a redução de capital de R$ 560 milhões realizada pela companhia no início de dezembro.
Esse valor também foi direcionado aos acionistas, resultando em um pagamento adicional de R$ 3,66 por ação.
Diferentemente do que ocorreu com outras ações do ranking, a SYNE3 teve um ano positivo tanto em termos de retorno para os investidores quanto em valorização das ações: houve uma alta de 182% ao longo do ano, tornando o dividend yield de 52% ainda mais impressionante. No total, a incorporadora reportou um lucro líquido de R$ 57,8 milhões em 2024, marcando um aumento de 401% em comparação a 2023.
Entretanto, a má notícia é que esse cenário excepcional pode não se repetir, pois a distribuição foi impulsionada por um evento pontual relacionado à venda dos shoppings, segundo a análise de Ruy Hungria.
Allied Technologies (ALLD3)
A segunda colocada no ranking utilizou uma sólida posição de caixa e os dividendos acumulados de anos anteriores para “potencializar” os pagamentos aos acionistas em 2024.
Além disso, a empresa conseguiu manter um bom desempenho na bolsa, o que não foi uma tarefa fácil em um ano em que a Selic voltou a aumentar e o Ibovespa registrou uma queda de 10%. A Allied Technologies (ALLD3) teve uma valorização de 20,6% em 2024 e distribuiu dividendos na ordem de 34,54%.
Embora não tenha recebido muita atenção na mídia financeira, a Allied é a maior distribuidora de produtos eletrônicos do Brasil, incluindo celulares, notebooks e TVs. Ela também possui a maior rede de lojas da Samsung na América Latina.
Outro aspecto que beneficiou a empresa foi sua “sólida posição de caixa”, conforme apontado pelo analista da Empiricus Research.
Ao final de 2024, a companhia possuía R$ 428 milhões em caixa, enquanto a dívida bruta totalizava R$ 556,1 milhões. Dessa forma, a expectativa de Hungria é que o elevado dividend yield da Allied não se repita em 2025.
DIVIDENDOS: Por que AÇÕES da PETROBRAS são novamente destaque do mês
Embpar (EPAR3)
O expressivo dividend yield da empresa que ocupa o terceiro lugar no ranking da Quantum Finance é cercado de mistério.
Em 2024, a Embpar (EPAR3), que atua nos setores de logística e florestal, registrou proventos de 22,94%, mesmo com uma queda de 43,33% no valor das ações.
Neste ano, a empresa continua enfrentando dificuldades, com uma queda adicional de 14,42%. Ao final do ano, os acionistas receberam os dividendos acumulados: um pagamento obrigatório após a empresa ter registrado lucro em 2023 e um pagamento complementar aprovado em dezembro.
O total distribuído foi de R$ 18 milhões, um valor que pode ser considerado “insignificante” para as grandes empresas da bolsa, mas bastante relevante para uma companhia com um valor de mercado de apenas R$ 82,5 milhões.
A queda das ações em 2024 contribuiu para o aumento significativo na métrica de dividendos. No entanto, essa desvalorização sozinha não parece suficiente para explicar como a Embpar conseguiu pagar mais dividendos do que a Petrobras, que tem uma longa tradição de bons pagamentos.
A baixa liquidez da empresa e seu pouco reconhecimento no mercado indicam que esse alto dividend yield pode ter sido uma situação atípica.
Petrobras (PETR4)
Em quarto lugar, a Petrobras (PETR4) teve uma valorização de 18,9% no ano passado e distribuiu dividendos de 21,8%, um índice notável para uma empresa blue chip (de grande valor de mercado).
Ao longo de 2024, foram realizados seis pagamentos aos acionistas, incluindo dividendos extraordinários que totalizaram R$ 20 bilhões, aprovados no final do ano.
Dessa forma, a estatal demonstrou que, apesar dos riscos políticos e das controvérsias em relação à distribuição de lucros durante o ano, continuou a recompensar os investidores em busca de proventos.
“Embora esperemos um dividend yield inferior ao dos últimos anos, ainda acreditamos que a Petrobras gerará um fluxo de caixa robusto com o petróleo e o dólar nos níveis atuais, mantendo potencial para distribuir acima de 10% em dividendos nos próximos anos. Isso deve garantir sua posição entre as principais pagadoras da bolsa”, afirma o analista.
No entanto, Hungria acredita que as ações já estão sendo negociadas próximo do preço justo, mantendo uma recomendação neutra.
A Petrobras figura entre as ações sugeridas na carteira Vacas Leiteiras da Empiricus Research. Apesar de ter retornado às recomendações, a expectativa em relação aos dividendos diminuiu em comparação aos anos anteriores devido à recente queda nos preços do petróleo, segundo o analista.
Ânima (ANIM3)
Após um longo período de cinco anos sem distribuir dividendos, a empresa de educação Ânima (ANIM3) retornou aos pagamentos aos acionistas, totalizando R$ 246,8 milhões.
No quarto trimestre de 2024, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 48,9 milhões, encerrando o ano com um total acumulado de R$ 2,5 bilhões.
Embora o dividend yield elevado de 20,7% chame a atenção inicialmente, é importante lembrar que as ações da Ânima — que não fazem parte do Ibovespa, o principal índice da B3 — caíram quase 60% ao longo do ano, o que pode ter contribuído para aumentar essa métrica.
A Ânima aproveitou uma melhora em seus resultados ao longo do ano para distribuir uma parte significativa de sua reserva de lucros. No entanto, isso não deve ser considerado uma prática habitual”, observa Hungria.

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