Ontem, as empresas revelaram um acordo para unificar suas operações, formando a terceira maior corporação do setor em nível global. Confira as opiniões dos analistas sobre essa fusão.
As ações da Marfrig (MRFG3) brilharam na bolsa brasileira nesta sexta-feira (16), liderando com grande destaque as maiores altas do Ibovespa logo na abertura do pregão. O motivo para essa ascensão? O anúncio da fusão com a BRF (BRFS3), que dará origem à gigante do setor de proteínas MBRF.
Por volta das 10h50, os papéis da MRFG3 subiam impressionantes 20,43%, sendo negociados a R$ 24,88. Com essa forte performance, o frigorífico eleva sua valorização acumulada desde o início do ano na B3 para mais de 40%.
Em contraste, a BRF teve um desempenho negativo nesta sessão. No mesmo horário, as ações da BRFS3 registravam uma queda de 1,79%, cotadas a R$ 20,25. Desde o começo do ano, a empresa já acumula uma desvalorização de quase 20% na bolsa.
A fusão entre a BRF (BRFS3) e a Mafrig (MRFG3)
Para relembrar, na noite de ontem, juntamente com os resultados do primeiro trimestre de 2025, a Marfrig e a BRF divulgaram um acordo para unir suas operações, formando a terceira maior gigante global do setor — ao lado da JBS (JBSS3), Tyson Foods e WH Group.
A proposta — que envolve a BRF sendo incorporada como uma subsidiária integral da Marfrig — apresenta um enorme potencial de sinergias, conforme afirmam as empresas, e está ligada ao pagamento de até R$ 6 bilhões em dividendos extras.
O modelo da transação é claro: para cada ação da BRF, os acionistas receberão 0,8521 ação da Marfrig, após a distribuição de dividendos bilionários para ambas as partes.
Se todos aceitarem a proposta, os acionistas minoritários da BRF terão 43% da nova companhia, enquanto a participação da família Molina no controle será reduzida de 72% para aproximadamente 41%, segundo estimativas do Goldman Sachs.
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Os fatores por trás da disparada das ações MRFG3
Para o BTG Pactual, a fusão representa a concretização do antigo objetivo da Marfrig de se tornar uma potência global no setor de proteínas, um processo que vem sendo desenvolvido desde 2007.
Os analistas ressaltam que o acordo possui “vários méritos”. Embora as sinergias operacionais possam ser limitadas, os benefícios fiscais, de escala e a relevância global da nova companhia podem abrir oportunidades para uma futura listagem internacional.
Além disso, os executivos da Marfrig e da BRF deixaram claro seu desejo de, a longo prazo, levar as ações para Wall Street, em um movimento semelhante à estrutura de dupla listagem que está sendo proposta pela concorrente JBS (JBSS3).
Na perspectiva do Goldman Sachs, mesmo que o potencial para sinergias seja significativo, o fator mais crucial para a criação sustentável de valor é a “potencial reprecificação que pode ocorrer para a entidade combinada”, que resultará em uma empresa com menor alavancagem, mais diversificada e menos dependente de commodities.
Com fusão em jogo, é hora de comprar ações de BRF e Marfrig?
Neste momento, a percepção do mercado é de “esperar para ver”, com o BTG e o Goldman adotando uma postura cautelosa, embora reconheçam o potencial transformador da fusão.
Na análise do BTG, a operação é mais benéfica para a Marfrig do que para a BRF. “Ainda assim, quando os preços se ajustarem para refletir a nova realidade econômica da empresa, ela deverá operar em um nível diferente, com maior diversificação e margens mais estáveis. Apesar do endividamento, o balanço deve ser gerenciável”, afirmaram.
Em relação à avaliação, a nova empresa não parece tão atraente para o BTG. O banco projeta um múltiplo entre 5,7 vezes e 5,8 vezes na relação entre valor de firma (EV) e Ebitda.
“Embora menos exigente do que antes da fusão, isso ainda representa um prêmio em comparação à JBS — uma comparação difícil de justificar”, ressaltou o banco.
Entretanto, o BTG destacou que a MBRF poderia ter suporte adicional para seu valuation elevado, considerando sua posição significativa nas vendas de alimentos processados.
“Em breve, pretendemos atualizar nossas projeções e a tese de investimento”, afirmou o banco. Atualmente, o BTG mantém uma recomendação neutra para as ações.
O Goldman Sachs também observa que as ações da Marfrig (MRFG3) oferecem uma relação mais favorável entre risco e retorno. Segundo os analistas, esses papéis devem ter um desempenho melhor no curto prazo.

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