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Minerva (BEEF3): BTG considera a estratégia como uma “jogada tática” e prevê dividendos significativos com o aumento de capital

A Minerva (BEEF3) aprovou um aumento de capital de até R$ 2 bilhões, com a conclusão prevista para 29 de abril.

De acordo com o BTG Pactual, essa injeção de capital é vista como uma “jogada tática”, favorecida por uma possível diluição positiva do lucro por ação, um preço de emissão abaixo do mercado e a possibilidade de bônus de subscrição (warrants).

Com essa movimentação, o banco revisou o preço-alvo das ações, subindo de R$ 9 para R$ 10 — o que representa um potencial de valorização de cerca de 38% em relação ao último fechamento — mantendo uma recomendação neutra para os papéis.

Em um relatório datado de setembro de 2024, o banco destacou a incerteza em relação ao valor das ações. O elevado nível de endividamento, que chegou a representar 85% do valor da empresa em determinado momento do ano, indicava que até mesmo pequenas variações nas expectativas de lucro e fluxo de caixa poderiam causar mudanças significativas no valor justo do patrimônio.

“Isso configurava um risco elevado, especialmente em um setor onde a variação cambial, os preços das commodities e os acordos comerciais globais intensificam a volatilidade das previsões de lucro. Embora os riscos relacionados às margens ainda permaneçam, o balanço da Minerva certamente se tornará mais robusto após a finalização do aumento de capital. Acreditamos que o patrimônio líquido passará a corresponder a 35% do valor total da empresa, considerando o preço atual das ações”, afirmam Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris.

A ‘jogada tática’ com bônus de subscrição

Para o BTG, a estruturação do negócio foi feita de maneira astuta e, mesmo com a diluição, a escolha de oferecer um bônus de subscrição (warrant) aos investidores na oferta privada tornou a operação muito mais atraente para os acionistas. O banco observa que, quanto maior for a valorização das ações antes da data-limite, mais valiosos se tornam os warrants.

Desde o anúncio, as ações BEEF3 tiveram uma alta de 12%, enquanto o valor de cada warrant aumentou em 18%.

“Considerando o fechamento de ontem, podemos dizer que o ‘valor justo’ da BEEF3, com base na operação, é de R$ 7,28 [R$ 5,17 do preço da oferta mais R$ 2,11 referentes a meio warrant]. Contudo, levando em conta o valor do bônus oferecido, quem adquirir ações neste momento ainda pode obter lucros adicionais.”

Segundo os analistas, se as ações da Minerva voltarem a operar próximas da média histórica (cerca de R$ 8,20 por ação após a operação), os investidores poderiam pagar até R$ 11,90 por ação, desde que consigam vender os papéis por um valor superior aos R$ 8,20 mencionados.

O novo modelo para Minerva e a perspectiva de maiores dividendos

Quando a Minerva realizou seu último aumento de capital em 2018, a VDQ (holding da família controladora) teria contraído um empréstimo de R$ 350 milhões para garantir os recursos necessários.

Nos anos seguintes, a Minerva distribuiu R$ 1,4 bilhão em dividendos, um valor que se aproximou da participação proporcional da VDQ nesses pagamentos. Desta vez, afirma-se que a VDQ tomou um empréstimo de R$ 705 milhões para participar da oferta atual.

“Se o padrão se repetir, os acionistas podem antecipar pagamentos [de dividendos] mais robustos novamente, à medida que o controlador busca reduzir sua alavancagem. Isso também sugere que a Minerva provavelmente evitará aquisições disruptivas por algum tempo, concentrando-se em melhorar as eficiências operacionais na integração dos ativos adquiridos da Marfrig.”

De acordo com o BTG, isso reforça como a valorização das ações muitas vezes está ligada à convergência de interesses entre acionistas minoritários e controladores. Essa dinâmica é relevante tanto para esta operação quanto para as decisões de alocação de capital da Minerva.

Com a atualização do modelo para refletir o aumento de capital, o banco agora projeta um Ebitda de R$ 4,4 bilhões para 2025 e R$ 4,7 bilhões para 2026, além de um lucro líquido estimado em R$ 176 milhões em 2025 e R$ 560 milhões em 2026.

Com os preços atuais das ações, estima-se que a empresa opere com um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) de 4% para 2026, uma avaliação que sugere um potencial limitado de valorização.


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