A concorrente Eli Lilly teve êxito em sua primeira fase de testes avançados para suas pílulas destinadas à perda de peso, enquanto a Novo Nordisk enfrenta resultados insatisfatórios.
O ano de 2025 tem sido desafiador para a Novo Nordisk (N1VO34), fabricante dos medicamentos Ozempic e Wegovy. A empresa dinamarquesa perdeu a posição de mais valiosa da Europa após uma queda de 27% nas suas ações em março, o que representa seu pior desempenho mensal desde 2002. Além disso, os resultados de seu novo fármaco para perda de peso e controle do diabetes foram decepcionantes.
Agora, a empresa precisa enfrentar o sucesso de sua concorrente americana.
Nesta quinta-feira (17), a Eli Lilly divulgou que sua pílula diária para combate à obesidade alcançou os objetivos do primeiro teste em estágio avançado. Pacientes com diabetes tipo 2 apresentaram redução nos níveis de glicose no sangue e perda de peso, com segurança semelhante às injeções já populares no mercado.
Em Nova York, as ações da Eli Lilly (LLY) apresentavam uma alta de 12,98% às 11h30 (horário de Brasília).
Por outro lado, os papéis da Novo Nordisk (NVO) registravam uma queda de 8,01% no mesmo período.
Os resultados da Eli Lilly eram bastante esperados pelo mercado. A introdução de uma pílula diária, chamada orforglipron, como alternativa às injeções semanais pode expandir a base de consumidores, pois oferece uma opção mais conveniente, além de ser mais fácil e econômica de produzir.
Tudo isso confere uma grande vantagem competitiva à Eli Lilly em relação à Novo Nordisk e a outros concorrentes que buscam entrar nesse mercado, como a Pfizer.
Há pouco mais de um mês, a farmacêutica dinamarquesa informou que os testes do CagriSema, seu novo medicamento para obesidade, apresentaram resultados insatisfatórios.
Em dezembro, a empresa já havia comunicado que os índices de perda de peso e a redução dos níveis de açúcar no sangue com o medicamento em teste estavam abaixo das metas estabelecidas, embora com uma diferença mínima. No entanto, em março, os resultados se mostraram ainda mais decepcionantes em comparação aos de dezembro.
O resultado da Eli Lilly representa apenas o primeiro passo de muitos que ainda estão por vir: a empresa planeja realizar pelo menos cinco ensaios clínicos para diabetes e dois estudos focados em obesidade.
A expectativa é que a solicitação para aprovação regulatória da pílula diária para obesidade seja feita até o final deste ano, com a do tratamento para diabetes prevista para 2026.
Caso seja aprovada, o orforglipron poderá facilitar o acesso dos pacientes ao tratamento para ambas as condições, além de ajudar a mitigar a escassez de injeções que se tornaram tão populares no mercado.
A Eli Lilly afirmou em seu comunicado que a pílula “poderia ser facilmente fabricada e lançada em larga escala para uso global”.
Brasil dificulta para a Novo Nordisk e Ozempic
Se o cenário para novos medicamentos já é desafiador, a situação para os fármacos consolidados também se tornou mais complicada — especialmente no Brasil.
Na quarta-feira (16), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que a retenção da receita médica se tornará obrigatória para a venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e outros similares, utilizados no tratamento de diabetes e na perda de peso.
Até então, esses medicamentos de tarja vermelha apenas exigiam a apresentação da receita, mas era comum que fossem vendidos sem ela.
Essa nova regulamentação impacta diretamente a Novo Nordisk, já que Ozempic, Wegovy e Saxenda são todos produtos desenvolvidos pela empresa dinamarquesa.
O Mounjaro, desenvolvido pela Eli Lilly, ainda não está disponível no Brasil, mas há previsão de que comece a ser comercializado em junho deste ano.
A alteração nas regras ocorreu após o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitir uma carta destacando a necessidade de maior controle nas prescrições dessa classe de medicamentos.
Com uma fatia de 34% do mercado de tratamento para diabetes, a Novo Nordisk continua sendo a líder do setor, embora o Brasil represente apenas uma parte pequena desse mercado.
No entanto, a empresa tem planos de expandir sua presença no país. A farmacêutica, que já possui fábricas em Minas Gerais, pretende dobrar a capacidade de suas instalações. Em março, a Novo anunciou um investimento de R$ 6,4 bilhões para essa expansão, e as novas unidades devem se dedicar à produção de enzimas utilizadas nos medicamentos mencionados.

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