O banco norte-americano passou um pente fino do setor de educação e cortou a recomendação de Educacional (SEER3) e Afya (A2FY34) para neutra; confira os detalhes do relatório
Nesta quinta-feira (17), que parece uma sexta, as ações da Yduqs (YDUQ3) e da Ânima (ANIM3) estão movimentando o mercado da bolsa brasileira, que se prepara para um intervalo devido ao feriado de Páscoa e ao Dia de Tiradentes.
Por volta das 12h20, os papéis da Yduqs (YDUQ3) lideram os ganhos do Ibovespa, apresentando uma alta de 10,83%, com cotação a R$ 14,83. As ações da Ânima (ANIM3), que não fazem parte do índice, registram uma valorização ainda maior, de 16,73%, com preço a R$ 3,07.
Por outro lado, a Cogna (COGN3) começou o dia enfrentando perdas. Contudo, durante o pregão, suas ações se recuperaram e agora sobem 2,59%, sendo cotadas a R$ 2,38.
Apesar das variações entre as ações, o fator que motiva os movimentos no setor educacional é um único: o relatório do JP Morgan.
Nesse documento, os analistas destacaram uma mudança nas preferências para o segmento:
- COGN3 rebaixada para neutra.
- YDUQ3 foi elevada de neutra para compra;
O banco também ajustou suas recomendações para as ações menos líquidas do setor: Ser Educacional (SEER3) e Afya (A2FY34) foram reclassificadas para a posição neutra.
Por sua vez, a Ânima (ANIM3) teve sua classificação alterada de neutra para compra. A seguir, apresentamos um resumo das alterações feitas pelos analistas no relatório.
A ordem de preferência do banco é:
- Afya (neutro)
- Anima (compra)
- Cogna (neutro)
- Ser Educacional (neutro)
- Yduqs (compra)
Por que Yduqs e não Cogna?
Apesar de Yduqs e Cogna terem apresentado uma geração robusta de caixa em 2024 — correspondente a 9% e 10% de seus valores de mercado, respectivamente —, o JP Morgan ressalta alguns aspectos importantes. Um deles é que a Yduqs deve se beneficiar de bases comparativas mais favoráveis em 2025.
Isso se deve ao fato de que, em 2024, o fluxo de caixa livre (FCF) foi impactado pelo programa de Diluição Solidária (DIS), que permitia aos alunos da Estácio pagarem apenas R$ 59 nas três primeiras mensalidades, com o restante diluído em até 46 meses e ajustado pela inflação.
Por outro lado, 2024 marcou o ano em que a Cogna começou a colher os benefícios do fim do Parcelamento Estudantil Privado (PEP), que permitia a alunos pagarem apenas uma mensalidade sem quitar o restante antes da rematrícula.
Esse efeito representou cerca de 3,5% do valor de mercado da Cogna, e o JP Morgan não prevê que essa situação se repita em 2025.
Além disso, a Cogna possui uma maior exposição aos cursos na área da saúde na modalidade de ensino à distância (EAD), onde os analistas percebem um risco regulatório mais elevado.
O Ministério da Educação (MEC) está prestes a anunciar novas regulamentações para o EAD, que devem aumentar a carga presencial nessas modalidades. O JP Morgan acredita que ambas as empresas estarão aptas a se adaptar a qualquer exigência.
Entretanto, os cursos na área da saúde parecem ser um foco maior das autoridades. O presidente do MEC, Camilo Santana (PT), declarou publicamente que os cursos de enfermagem deveriam ser exclusivamente presenciais.
Consequentemente, as operações de EAD da Cogna estão mais expostas à área da saúde (21% dos alunos, em comparação com 14% da Yduqs), sendo essa diferença atribuída principalmente aos cursos de enfermagem — que representam 8% da base de alunos EAD da Cogna, contra apenas 1% na Yduqs.
Os demais cursos de saúde (excluindo enfermagem) correspondem a cerca de 13% da base EAD de ambas as empresas.
Vale ressaltar que as ações da Cogna subiram 110% até agora no ano, enquanto as da Yduqs avançaram 55%, e o Ibovespa teve uma alta de 8%.
O banco elevou o preço-alvo das ações da Yduqs para R$ 20, ante R$ 10,50 — o que indica um potencial de valorização de 38,68% em relação ao fechamento anterior.
“Embora não tenhamos um preço-alvo para a Cogna, também acreditamos em uma valorização significativa do seu valor justo”, afirma o relatório.
O que esperar da Yduqs?
O JP Morgan revisou para cima sua projeção do Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da empresa, aumentando em 2,7% para 2025. Para o ano seguinte, a estimativa subiu 3,2%.
Essa melhoria é atribuída, principalmente, à expectativa de diminuição nas perdas por inadimplência e nas despesas administrativas e gerais. Já a previsão de receita foi mantida praticamente inalterada.
Os analistas também atualizaram suas previsões para as despesas financeiras líquidas, prevendo um aumento de 6% em 2025 e uma queda de 5% em 2026.
Um dos pontos mais relevantes dessa revisão foi a melhoria na conversão de caixa: o banco elevou as estimativas de fluxo de caixa livre para os acionistas (FCFE) em 79% e 121% para 2025 e 2026, respectivamente.
Para os analistas, o ano de 2024 marcou um ponto de inflexão na geração de caixa da companhia, uma tendência que deve continuar nos próximos anos com o crescimento do Ebitda e a diminuição da dívida.
Por que comprar Ânima e não Ser Educacional ou Afya?
De acordo com o relatório, a Ânima deve apresentar o maior rendimento entre todas as instituições de ensino analisadas.
“O que esperamos é que a Ânima tenha o maior retorno de fluxo de caixa livre entre seus concorrentes em 2025, alcançando 13%. Isso ocorre mesmo com uma queda na geração proporcional de caixa, que deve passar de R$ 166 milhões em 2024 para R$ 139 milhões em 2025. Essa redução é principalmente devido ao efeito das taxas de juros elevadas sobre um nível considerável de alavancagem”, afirma o JP Morgan.
As previsões mostram um crescimento para 17% em 2026 e 21% em 2027 no fluxo de caixa livre, impulsionado pela redução da alavancagem e pela maturação dos cursos de medicina.
Assim como mencionado no caso da Yduqs e Cogna, a dependência do ensino a distância traz riscos regulatórios maiores devido ao novo marco regulatório que está por vir.
Em 2024, apenas 8% da receita da Ânima provém do ensino a distância, enquanto na Ser Educacional esse número chega a 19%.
No que diz respeito à Ser Educacional, o banco aponta que a expansão do programa Ser Solidário (similar ao DIS da Yduqs) deverá consumir recursos nos próximos anos, com um impacto estimado de R$ 25 milhões em 2025 e R$ 30 milhões em 2026, o que pode pressionar o fluxo de caixa no curto prazo.
Por outro lado, os analistas consideram que a Afya está com sua avaliação mais alinhada ao seu desempenho real, levando em conta a geração consistente de caixa livre ao longo dos anos e seu bom histórico de resultados, prevendo um rendimento de 8% em 2025.
O que esperar da Ânima?
O JP Morgan ajustou para cima suas previsões de receita da Ânima, com um aumento de 0,8% para 2025 e de 1,3% para 2026. Essa revisão é impulsionada principalmente por melhorias no segmento Core, que refletem os esforços da empresa para retomar o crescimento.
O segmento Core da Ânima abrange a educação acadêmica, incluindo graduação presencial (exceto medicina), ensino básico e técnico, além da pós-graduação stricto sensu.
O banco manteve suas estimativas de margem operacional praticamente inalteradas, em 43,5% para 2025 e 43,1% para 2026. Como consequência, a previsão de Ebitda ajustado foi elevada em 2,3% para 2025 e em 2,8% para 2026.
Embora o JP Morgan não tenha um preço-alvo específico para as ações da Ânima, suas estimativas indicam um intervalo entre R$ 4,20 e R$ 5,10 por ação. Isso sugere um potencial de valorização de até 67,21% com base nos preços do último fechamento.

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